terça-feira, 16 de julho de 2019

Nova lei sobre manutenção de ar-condicionado traz grandes benefícios ao mercado de HVAC


No dia 04 de janeiro de 2018 foi sancionada a lei que torna obrigatória a execução de um Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) em sistemas de ar-condicionado em edifícios de uso público e coletivo. Lei 13.589/2018 tem como objetivo garantir a boa qualidade do ar interior de estabelecimentos levando em conta padrões de temperatura, umidade, velocidade, taxa de renovação e grau de pureza, visando à eliminação ou minimização de riscos potenciais à saúde dos ocupantes. A Trane® - líder global no fornecimento de soluções e serviços de conforto interior e uma marca da Ingersoll Rand® – acredita que as novas medidas irão beneficiar usuários e, administradoras de edifícios.
Apesar de a nova legislação parecer, em um primeiro momento, um custo extra para as empresas, a Trane aposta que todos ganharão com o PMOC. “O funcionamento adequado dos equipamentos e sistemas de ar condicionado reduz o consumo energético das edificações, o usuário ganha ao ter uma qualidade de ar melhor e o fabricante ganha quando o equipamento funciona de forma eficaz”, enfatiza Alexandre Cruz, Diretor de Serviços da Trane no Brasil.
Alexandre ressalta que a Trane já aplica o PMOC nos contratos com seus clientes e está preparada para atender a demanda que irá surgir, tanto para os novos empreendimentos, em que a lei já passa a valer, quanto para os empreendimentos já existentes, que terão o prazo de 180 dias, após a regulamentação da lei, para adequação.
A nova lei é resultado do trabalho de instituições como a ABRAVA (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento) – que tem como membro do conselho do Departamento Nacional de Fabricantes de Ar Condicionado Central o Diretor Geral da Trane no Brasil, Luiz Moura; e o Vice-presidente de Marketing, Arnaldo Parra, Diretor de Partes & Peças da Trane no Brasil; a ASBRAV (Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação) – sob a presidência de Eduardo Hugo Müller, Gerente de Vendas da Trane e o SINDRATAR-SP (Sindicato da Indústria de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo), entre outros.
“Essa nova lei confirma o amadurecimento do mercado HVAC brasileiro no que diz respeito à manutenção preventiva dos sistemas de climatização. A Trane, sempre pioneira, investe fortemente na capacitação de profissionais especializados para garantir que todas as normas e regulamentações sejam cumpridas. Estamos comprometidos em suportar nossos clientes para que os sistemas Trane sejam energeticamente eficientes, proporcionando um ambiente confortável e seguro aos seus ocupantes”, finaliza Luiz Moura, Diretor Geral da Trane no Brasil.

REFERÊNCIAS:

terça-feira, 28 de maio de 2019

Cálculo de Carga Térmica para Climatização


Este cálculo aplica-se apenas para ambientes simples, para ambientes com maior complexibilidade técnica torna-se inviável sem o auxílio de uma ferramenta computacional. No entanto, em se tratando de ambiente único ou de um pequeno número de ambientes, é admissível adotar o método do fator de carga de refrigeração, que consiste em uma versão simplificada para o cálculo da carga térmica de forma manual, contemplando a utilização de coeficientes pré-calculados para construção de situações típicas. Nota: Recomenda-se que para clima frio, com temperatura externa inferior a 15°C, seja utilizada máquina de ciclo reversa. No Brasil, a seleção da máquina geralmente é feita para condições de verão. No caso de inverno, a potência de aquecimento normalmente é suficiente para manter um ambiente em condições acima de 15°C.

Embora a norma 5858/1983 tenha sido cancelada, o formulário por ela apresentado ainda é uma boa referência para calculo simplificado de carga térmica para ambientes privados, residenciais e escritórios.




































































Para o preenchimento do formulário simplificado necessitamos dos seguintes dados:


  • Dimensão do ambiente a se climatizado;
  • Dimensão de janelas, porta e vão abertos;
  • dimensão e tipo das paredes (leve ou pesada);
  • Orientação geográfica das paredes e janelas;
  • Quantidade de lâmpadas, eletrônicos e aparelhos que possam gerar alguma forma de calor;
  • Tipo de teto e piso;
Seguindo planilha conforme norma 5858, iremos utilizar como exemplo os dados abaixo.
 Considere um respectivo ambiente com a seguinte descrição:
- 6 metros de comprimento
- 3 metros de largura
- 3 metros de altura
- O ambiente está localizado no 3º andar de um prédio e possui 2 janelas com cortinas com dimensões de 1x1,5m cada. A potência elétrica consumida é de 300watts, sendo constantemente frequentado por 3 pessoas.


1º passo: Elabore um esboço com os dados fornecidos.

Esboço:
- 3 m (altura)
- 300 watts
- 3 pessoas
- 3º andar
- Paredes: construção pesada
- Janelas com cortina


2º passo: Determine a área na tabela a seguir, somando as áreas das janelas de cada parede e  preenchendo os valores no formulário da coluna ''Quantidade".
 


3º passo: Multiplique os valores anotados na coluna Quantidade pelas constantes na coluna Fatores e anote os resultados na coluna(área x fator).













4º passo: Some os valores obtidos na coluna (área x fator) e anote-os na coluna kcal/h (quantidade x fator).













5º passo: Determine as áreas das janelas de transmissão (item 2 do formulário simplificado), multiplique pelo fator correspondente (50 para vidro comum, 25 para tijolo de vidro) e anote na coluna kcal/h(quantidade x fator).





6º passo: Determine as áreas das paredes e anote a somados resultados obtidos na coluna quantidade do item 3 do formulário.
 
- 3 m (altura)
- 300 watts
- 3 pessoas
- 3º andar
- Paredes: construção pesada

- Janelas com cortina






7º passo: Determine a área do teto e anote na coluna quantidade (item 4 do formulário). Multiplique o resultado anotado pela constante indicada na coluna fatores e anote o resultado obtido na coluna kcal/h do formulário.

- O ambiente está localizado no 3° andar de um prédio.



8º passo: Determine a área do piso, anote na coluna quantidade e em seguida multiplique pela constante indicada na coluna fator anotando na coluna kcal/h o resultado obtido (item 5 do formulário).






9º passo: Verifique o número de pessoas que normalmente irão ocupar o ambiente, anote na coluna quantidade e multiplique pela constante na coluna fator e anote o resultado na coluna kcal/h (item 6 do formulário).
 
- 3 m (altura)
- 300 watts
- 3 pessoas
- 3º andar
- Paredes: construção pesada
- Janelas com cortina






10º passo: Determine a potência (watts) consumida pelas lâmpadas ou aparelhos elétricos existentes no ambiente condicionado. Anote-a na coluna quantidade e multiplique pela constante indicada na coluna fator. O resultado obtido deverá ser anotado na coluna kcal/h (item 7 do formulário).

- 3 m (altura)
- 300 watts
- 3 pessoas
- 3º andar
- Paredes: construção pesada
- Janelas com cortina

OBS: O item alimentos por pessoa, serão considerados quando realizado calculo para restaurantes.


11º passo: Determine as áreas ou vãos das portas que irão permanecer constantemente abertas para recintos não condicionados. Anote na coluna quantidade e em seguida multiplique pela constante da coluna fator. O resultado deverá ser colocado na coluna kcal/h (item 8 do formulário).



Um item muito importante a ser calculado é a renovação de ar.
Porem a tabela apresentada conforme norma 5858, não leva em consideração esse fator.
Dessa forma iremos utilizar os passos abaixo para calcularmos a quantidade de calor inserido no ambiente através da renovação de ar (item obrigatório no PMOC).

12º  passo: Para calcular a Renovação e Infiltração de ar, devemos observar as equações 8 1 a 8 5 e utilizarmos as tabelas no anexo.

A vazão de ar em volume infiltrado ou de renovação deve ser calculada conforme Equação 8 1.

Sendo:
𝑄𝑎𝑒 é a vazão de ar externo, expresso em metro cúbico por hora (m 3 /h);
𝑄𝑖𝑛𝑓 é a vazão de ar externo infiltrado ou de renovação expresso em metro cúbico por hora (m³/h) por metro quadrado de piso (m² de piso). Nota o valor mínimo recomendado é de (3,6 m³ /h*m²);
𝐴 é a área do piso em metro quadrado (m 2);
 
 
No exemplo apresentado teremos

Utilizando a equação 8.1(𝑄𝑎𝑒=𝑄𝑖𝑛𝑓∗𝐴) temos 

A vazão em massa de ar infiltrado ou de renovação é calculada conforme Equação 8.2.


Sendo:
𝑚𝑎𝑒 é vazão mássica de ar externo infiltrado;
𝑣 é o volume específico do ar;

O volume específico foi retirado da Tabela 7 do Anexo 02.
Nota: No caso do Estado de Minas Gerais, consideramos altitude em 750 metros do nível do mar.

O volume específico foi retirado da Tabela 1 do Anexo 02.



Cálculo da carga de ar externo, deve se considerar:
a) Calor sensível, calculado pela Equação 8.3
Sendo:
𝑞𝑠𝑎𝑒 é o calor sensível do ar externo, expresso em Watts (W);
𝑞𝑡𝑎𝑒 é o calor total, expresso em Watts (W);
𝑞𝑙𝑎𝑒 é o calor latente, expresso em Watts (W). 

Cálculo da carga de ar externo, deve se considerar:

b) Calor total do ar externo, é calculado pela Equação 8.4

Sendo:

𝑚𝑎𝑒 é a vazão em massa de ar externo, expressa em quilo grama por segundo (kg/s);
ℎ𝑎𝑒 é a entalpia do ar externo, expressa em quilo Joule por quilo grama (kJ/kg). Nota: este valor pode ser encontrado na Tabela 07 do Anexo 02;
ℎ𝑎𝑚𝑏 é a entalpia do ar do ambiente, expressa em quilo Joule por quilo grama (kJ/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado na Tabela 09 do Anexo 02;
ℎ𝑎𝑒 é a entalpia do ar externo, expressa em quilo Joule por quilo grama (kJ/kg). Nota: este valor pode ser encontrado na Tabela 07 do A nexo 02;

ℎ𝑎𝑚𝑏 é a entalpia do ar do ambiente, expressa em quilo Joule por quilograma (kJ/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado na Tabela 09 do Anexo 02, considerando altitude em 750 metros do nível do mar e temperatura de bulbo seco em 24 C.

Cálculo da carga de ar externo, deve se considerar:
c) Calor total do ar externo, é calculado pela Equação 8.4.
d) Calor latente do ar externo, é calculado pela Equação 8.5.

Sendo:
𝑚𝑎𝑒 é a vazão em massa de ar externo, expressa em quilo grama por segundo (kg/s);
ℎ𝑙𝑣 é o calor latente de vaporização da água 2 501 expressa em quilo Joule por quilo grama (kJ/kg);
𝑊𝑎𝑒 é a umidade absoluta do ar externo, expressa em quilo grama por quilo grama (kg/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado com o auxílio da Tabela 07 do Anexo 02.
𝑊𝑎𝑚𝑏 é a umidade absoluta do ar do ambiente, expressa em quilo grama por quilo grama (kg/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado com o auxílio da Tabela 09 do Anexo 02.
𝑊𝑎𝑒 é a umidade absoluta do ar externo, expressa em quilo grama por quilo grama (kg/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado com o auxílio da Tabela 07 do Anexo 02.
𝑊𝑎𝑚𝑏 é a umidade absoluta do ar do ambiente, expressa em quilo grama por quilo grama (kg/kg). Nota: Este valor pode ser encontrado com o auxílio da Tabela 09 do Anexo 02.
e) Calor latente do ar externo, é calculado pela Equação 8.5.
Voltando para a equação 8.3 teremos:

Passando o valor de 𝑞𝑠𝑎𝑒 para kcal/h, teremos que 𝑞𝑠𝑎𝑒=220,26𝑘𝑐𝑎𝑙/ℎ
Este é o calor de renovação do ar.

13 º passo: No item 10 do formulário temos a soma que nos indicará os subtotais dos resultados obtidos na coluna kcal/h (quantidade x fator).

14º passo: Ao total obtido deverá ser aplicada a correção indicada no mapa de acordo com a região
Exemplo: Como o cálculo esta sendo realizado para um ambiente em Minas Gerais, deverá ser adotado o fator de correção de 0,85
2590,26 kcal/h x 0,85 (fator de correção, ver mapa abaixo) = 2201,72 kcal/h.



15º passo: Para transformar kcal/h para BTU/h, multiplique
o valor em kcal/h por 4.
No nosso exemplo ficam 2201,72 kcal/h x 4 = 8806,88

BTU/h.

REFERÊNCIAS:
Programa brasileiro de eliminação de HCFCs (GIZ).

Carga Térmica

O que é carga térmica e para que serve?


Carga térmica é a quantidade de calor a ser adicionado ou removido de um ambiente, câmara ou equipamento para que consigamos controlar sua temperatura. E tem como maior finalidade, nos auxiliar para selecionamento ou projetarmos os equipamentos que irão retirar ou fornecer o calor necessário mantendo assim o controle de temperatura e até mesmo umidade.
Para calcularmos a carga térmica, teremos que nos atentarmos a alguns detalhes:
Principais fontes de calor;
- Transmissão de calor por condução;
Paredes, teto, piso.
- Transmissão de calor por insolação;
Paredes, teto, janelas.
- Transmissão de calor por pessoas;
- Transmissão de calor por equipamentos;
Computadores, televisores, iluminação, empilhadeiras.
- Transmissão de calor por produtos;
Respiração, embalagem.
- Transmissão de calor por infiltração;
Janelas, frestas, aberturas de portas.
- Transmissão de calor por renovação de ar;

Ao realizarmos calculo de carga térmica, podemos verificar que em todas as situações é levado em consideração as fontes de calor, porém depende do processo no qual estivermos trabalhando algumas fontes acima não serão utilizados, por exemplo:
Para determinar a quantidade de calor de um ambiente climatizado, não calculamos transmissão de calor por produto, no caso de câmaras frigorificas ou túnel de congelamentos temos a preocupação com o produto, e na maioria das vezes não calculamos insolação devido estes estarem instalados em ambientes internos, devemos nos atentar a umidade que o produto deve trabalhar, logico que em ambiente climatizados também devemos nos preocupar também com a umidade.

Existem no mercado vários programas, aplicativos e planilhas elaboradas para auxiliar no calculo de carga térmica;
abaixo temos alguns links de aplicativos no auxilio para calculo de carga térmica.

http://www.strar.com.br/simulador-capacidade-btus-lg
http://refrigerationandairconditioning.danfoss.com.br/knowledge-center/software/#/
http://carrierdobrasil.com.br/dimensionador/
http://www.heatcraft.net.br/joomla/index.php/br/software/selection-software

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O que é PMOC?


É um Plano de Manutenção Operação e Controle, exigido nas portaria 3.523/MS. Nele é estipulado quando as verificações e correções técnicas deverão ser executadas em cada ponto do sistema de refrigeração. É especificado também, qual o número de ocupantes de cada ambiente refrigerado, a carga térmica do equipamento e o tipo de atividade desenvolvida no local.

Na empresa só temos ar condicionado de janela. Mesmo assim devo ter PMOC?
Sim, O PMOC é obrigatório. E também é necessário um responsável técnico para sistemas de climatização com capacidade acima de 5 tr (60.000 btu). Mesmo que esta capacidade seja atingida pela soma de pequenos sistemas dentro de um mesmo ambiente.
Um exemplo: uma empresa tem 2 splits de 36.000 BTUS que somados chegam a 72.000 BTUS superior as 60.000 BTUS limite mínimo para a existência de um PMOC.

Qual o risco que corro ao não ter um PMOC?

Ser multado por não cumprimento da portaria 3.523/MS e RE 09. A multa pode chegar a R$ 200.000,00.

Não tenho um PMOC mas estou providenciando. Posso ser multado durante esse período?

A realização do PMOC que em alguns casos, dependendo do número de equipamentos de ar condicionado e da extensão dos dutos, pode demorara alguns meses é considerado um serviço em execução. Uma fiscalização, constatando uma situação como essa, deverá fazer uma comunicação ao interessado caracterizando a situação e marcando uma ou mais inspeções posteriores, dependendo de cada caso, para verificação do atendimento as exigências elencadas no PMOC.

Qual a qualificação do profissional apto a elaborar um PMOC?

De acordo com a Resolução CONFEA nº 218/73, que discrimina as atividades das diferentes modalidades profissionais da engenharia, arquitetura e agronomia, ela estabelece em seu Art. 12, item I que:
" Compete ao engenheiro mecânico ou ao engenheiro mecânico e de automóveis ou ao engenheiro mecânico e de armamento ou ao engenheiro de automóveis ou ao engenheiro industrial modalidade mecânica: o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a processos mecânicos, máquinas em geral; instalações industriais e mecânicas; equipamentos mecânicos e eletro-mecânico; veículos automotores; sistemas de produção de transmissão e de utilização do calor; sistemas de refrigeração e de ar condicionado, seus serviços afins e correlatos."
Nas atividades do art. 1 º da Resolução acima citada está relacionada, dentre outras, a direção de obra ou serviço técnico, a vistoria, perícia, avaliação, laudo, parecer técnico, pesquisa, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, padronização, mensuração e controle de qualidade, execução de obra e serviço técnico, condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção, operação e manutenção de equipamento ou instalação.

Um split não tem renovação de ar. Dessa forma ele estaria transgredindo a portaria 3.523/MS ?

O Ministério da Saúde ao entrar na questão de ambientes climatizados só o fez por reconhecer que a qualidade do ar interfere na ocorrência de agravos à saúde dos ocupantes de ambientes climatizados.
A questão de renovação de ar foi colocada para permitir o mínimo de trocas de ar que não permitam a saturação do ambiente. O mínimo colocado é o mesmo da norma brasileira NBR 6401/ABNT, assim como acompanha padrões internacionais (ASHRAE).
Os equipamentos para manter a renovação de ar dentro do que determina a norma brasileira NBR 6401/ABNT não são definidos pelo MInistérios da Saúde.
Atenção então pois a instalação de equipamentos que interferem somente na carga térmica sem garantir a renovação do ar não atendem aos padrões mínimos exigidos e podem acarretar sanções ao seu estabelecimento

Trabalho em um hospital e preciso saber se o ar condicinado está dentro das especificações bem como o PMOC. Como fazer?

O Ministério da Saúde elaborou o documento "Orientações de Engenharia para Hospitais de Referência", contendo todas as informações necessárias para o dimensionamento de um sistema de ar condicionado para hospitais.

Qual seria a freqüência mínima para limpeza geral dos condicionadores de ar tipo janela?

O critério recomendado pela Resolução da Anvisa RE 9/03 é o de realizar medidas ambientais a cada 6 meses, porém a Portaria MS nº 3.523/98 recomenda que a verificação do estado de manutenção seja feita pelo responsável técnico que deve também determinar a periodicidade da inspeção e limpeza através do PMOC.

Posso colocar ar condicionados de janela e splits em UTIS e salas de cirurgia

Salas de cirurgia e UTIs são consideradas áreas críticas e como tal requerem sistemas de climatização sofisticados. Equipamentos de janela ou mesmo split, não atendem aos requisitos exigidos pelas normas (RDC n° 50/2002 e NBR 7256).
A norma que regulamenta o planejamento físico de todos os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), inclusive seus sistemas de climatização, é a RDC n° 50/2002, de 21 de fevereiro de 2002. Segundo o item 7.5.1 da RDC n° 50/2002.
Ar Condicionado: "Os setores com condicionamento para fins de conforto, como salas administrativas, quartos de internação, etc., devem ser atendidos pelos parâmetros definidos na norma da ABNT NBR 6401 (Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto - Parâmetros Básicos de Projeto). Os setores destinados à assepsia e conforto, tais como salas de cirurgia, UTI, berçário, nutrição parenteral, etc., devem atender às exigências da norma ABNT NBR 7256 (Tratamento de Ar em Unidades Médico-Assistenciais)."
Conforme preconizam na Portaria MS nº 3523/98 e na Resolução RE nº 9, "os equipamentos de ar condicionado de janela e minisplits não podem ser instalados em centros cirúrgicos, pois estes equipamentos não possibilitam a renovação de ar e a manutenção dos níveis de pressão necessários para uma boa qualidade do ar interior. Nestes locais o sistema de climatização deve fornecer condições de controle da temperatura entre 18ºC a 22ºC e umidade relativa entre 45% e 55%, além de possibilitar insuflamento de ar exterior (5 renovações/hora) e 25 trocas totais de ar (25 renovações/hora), além disso, devem possuir fluxo unidirecional de ar".

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Meio Ambiente X Fluidos Refrigerantes

Hoje podemos ver em nossa área de atuação diversos tipos de fluidos refrigerantes, como visto na postagem anterior, onde temos, CFC, HCFC, HFC, HIDROCARBONETOS E COMPOSTOS INORGÂNICOS.
Porem para entendermos qual motivo de tamanha diversidade de fluidos, precisamos verificar a historia do fluido refrigerante.  
1775 - William Cullen fabricou gelo com vácuo com vaso de pressão isolado.
1851 - Ferdinand Carre patenteou a primeira máquina de produzir gêlo por ciclo de absorção com amônia e água, 5 máquinas foram construidas com capacidade de produzir de 12 a 100 kg/hr de gelo.
1853 - Alexander Twinning produziu 800 kg de gelo pôr dia em uma bomba de duplo efeito com Éter Sulfúrico como refrigerante.
1880 - Primeiras aplicações com ciclo compressão a vapor com amônia para conservação de peixe nos Estados Unidos.
1891 - Primeiro uso da amônia na conservação de carne enviada da Nova Zelândia para a Inglaterra.
1891 - Primeiras fábricas de cerveja nos EUA com refrigeração por amônia.
1917 - Uso de amônia na conservação de vegetais nos Estados Unidos.
Do século XIX até 1930 são usados refrigerantes inorgânicos R-764 dióxido de enxofre, R-717 amônia, R-30 cloreto de metila.
1930 - Início do uso comercial dos CFC e HCFC em equipamentos de refrigeração e de ar. condicionado permitindo um enorme crescimento da oferta de produtos.
1991 - Início de uso dos HFC.
1996 - Banimento do uso dos CFC nos EUA e Europa.
2000 - Banimento do uso dos CFC no Brasil.
Os refrigerantes são usados na transferência de calor a 240 anos. Amônia, água são os refrigerantes com mais de 150 anos de uso na Refrigeração.

Como podemos ver na historia, os fluidos inorgânicos tem sido utilizado desde dos primórdios do seculo XVIII, mais como já vimos, nos trazem grandes riscos diretos a saúde. Devido a está questão, e procurando sempre melhorias continuas, foram fabricados os primeiros fluidos halogenados, os CFC’s (clorofluorcarbono) e HCFC’s (hidroclorofluorcarbono).
Voltando a falar de historia, poderemos ver que décadas depois, pesquisadores constataram que tais fluidos refrigerantes (CFC’s e HCFC’s) de alguma forma agrediam a camada de ozônio, fazendo com que tivesse um aumento no fenômeno chamado “buraco na camada de ozônio”, para entendermos, temos que estudar um pouco sobre o ozônio.
O ozônio é formado quando as moléculas de oxigênio absorvem parte da radiação ultravioleta (UV) proveniente do sol, ocasionando a separação das moléculas em dois átomos de oxigênio. Estes átomos por sua vez, juntam-se com outras moléculas de oxigênio, formando assim o ozônio (O3), que contém três átomos de oxigênio. Aproximadamente 90% do ozônio da terra está localizado em uma camada natural, logo acima da superfície terrestre conhecida como estratosfera. Esta camada natural atua como um escudo protetor contra a radiação ultravioleta.


Quando o fluido refrigerante é liberado no meio ambiente, este sobe até a camada de ozônio, onde os raios ultravioletas chocam com sua moléculas (lembrando CFC e HCFC, contem cloro em sua composição), desprendendo o cloro de sua composição, que através de reação química, destroem a molécula de ozônio, com isso permitindo a passagem de mais raios UV, causando diversos tipos de doenças, mantando a fauna e a flora do planeta.

Diante do problema da destruição da Camada de Ozônio, várias nações se mobilizaram. Em 1985, a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio foi assinada por dezenas de países, entre eles o Brasil, um dos primeiros a agir em prol da camada de ozônio. Dois anos depois,  em 1987, foi estabelecido o Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). O texto obriga seus signatários a trabalhar para eliminar a produção e o consumo de SDOs. Atualmente, 193 países participam do Protocolo e da Convenção.
A partir dos acordos, o comércio de SDOs teve de ser reduzido em todo o globo a partir de cotas pré-definidas, ao mesmo tempo em que foram desenvolvidas tecnologias alternativas para reduzir ou eliminar os riscos à camada de ozônio. Revisões periódicas trazendo mais rigidez às determinações do Protocolo vêm sendo acatadas pelas Partes.
O texto também estabeleceu o princípio das obrigações comuns, porém diferenciadas. Isto é: países desenvolvidos que historicamente tiveram maior consumo de SDOs devem contribuir financeiramente para apoiar a implementação de medidas para eliminar essas substâncias em países em desenvolvimento, como o Brasil.
Por isso, em 1990 foi instituído o Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal (FML). O Fundo é administrado por um Comitê-Executivo e abastecido por países desenvolvidos. Os projetos que apóia são implementados em inúmeros países com a colaboração de agências internacionais como PNUD, PNUMA, Unido, Bird e GTZ.
O Brasil recebe aportes do FML desde 1993 para promover mudanças em processos industriais com ênfase no uso de tecnologias livres de SDOs. Desde então, mais de 200 projetos de conversão industrial foram aprovados para os setores de refrigeração comercial e doméstica, espumas e solventes.
Com as ações adotadas pelos países no âmbito da Convenção de Viena e do Protocolo de Montreal, estima-se que, entre 2050 e 2075, a camada de ozônio sobre a Antártica retorne aos níveis que apresentava em 1980.
Estimativas apontam que, sem as medidas globais desencadeadas pela Convenção e pelo Protocolo, a destruição da camada de ozônio teria crescido ao menos 50% no Hemisfério Norte e 70% no Hemisfério Sul - isto é, o dobro de raios ultravioleta alcançaria o norte da Terra e o quádruplo ao sul. A quantidade de SDOs na atmosfera seria cinco vezes maior.
Com isso, o governo brasileiro, implantou um Comitê Interministerial do Ozônio - PROZON, para coordenar a implantação das decisões do Protocolo. Umas das determinações foi a erradicação dos CFC até 2010, onde um dos fluidos muito utilizado até então (R-12) foi extinto. Neste período os fluidos HCFC como R-22, já predominavam o mercado da refrigeração com grande atuação em todas as aplicações, porem os HCFC, também conforme o Protocolo tem seus dias contados, e conforme as leis brasileiras, a erradicação deste fluido está previsto para 2040.














Podemos ver então, que com a saída do fluido "queridinho" dos refrigerista (R-22), que prejudica ao meio ambiente, destruindo a camada de ozonio e causando o efeito estufa, varios outros fluidos foram lançados, para substitui-los com a mesma eficiencia ou com eficiencia superior, e durante esse processo foram lançados ao mercado os fluidos HFC (hidrofluorcarbono), isentos de cloro, sendo assim, sem degradação da camada de ozonio. Porem, estes fluidos ainda causam efeito estufa (aquecimento global), sendo que alguns deles causando um efeito estufa "ainda maior", como podemos verificar na tabela abaixo.
Como podemos perceber no gráfico, os fluidos HCFC e HFC não são substancias naturais, e verificamos que o R-22 tem ODP, enquanto os fluidos HFC, não possuem ODP (não destroem a camada de ozônio), porem todos eles com exceção do R-134a, tem um GWP, maior que o R-22, sendo assim causando um potencial de aquecimento global, superior ao mesmo.
Pela necessidade de substituição de fluidos que não causam a degradação da camada de ozônio e nem causem efeito estufa, e que tragam eficiência para os equipamentos, a grande diversidade de fluidos, sem falar na família dos fluidos HFO (hidrofluoroleofinas), com ODP igual a zero e com baixos valores de GWP, porem pensando em meio ambiente, os fluidos "naturais" (Amônia, Dióxido de Carbono, Propano, Isobutano), são os fluidos que melhores atendem os requisitos, por não agredirem a camada de ozônio e terem um potencial de aquecimento global Desprezível, mas como tudo tem seus pros e contras, vamos seguindo a vida, procurando o que é melhor para o meio ambiente e para nossos equipamentos.

Abaixo segue link, de um programa Alemão em parceria com o Senai de São Paulo, para qualificação de de profissionais para procedimentos em equipamentos de refrigeração em supermercados.